quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Dificuldade de Aprendizagem

Levando em consideração quem aprende; qualquer dificuldade de percepção, de recepção, de memória, de emissão da informação e de operar matematicamente, pode ser considerada dificuldade de aprendizagem.
Devemos sempre lembrar que quem aprende é um sujeito inserido em uma sociedade, que possui uma historia de vida, que possui um nível de estruturação cognitiva, que possui emoções e sobre tudo que é um organismo.
Para Visca (1987), as dificuldades de aprendizagem são sintomas que decorrem de obstáculos que aparecem no mesmo momento histórico em que está ocorrendo à aprendizagem que, por sua vez, resultam de toda história vivida pelo aprendiz, em suas dimensões afetivas, cognitivas, sociais, orgânicas e funcionais.
É importante dizer que o fato de um aprendiz possuir algo que indique certa dificuldade não é suficiente para diagnosticar uma “dificuldade de aprendizagem” permanente e que necessita de intervenções feitas por outros profissionais que não o próprio professor, a exemplo de Disgrafia, Dislexia, Discaligrafia e Discalculia. Na maioria dos casos a falta de interesse, a falta de leitura, a falta de estudo adequado e dedicação aos estudos por parte do aprendiz são fatores decisivos para a não aprendizagem.
Obstáculos no processo de aprendizagem não indicam a existência de dificuldades permanentes. A superação desses obstáculos deve ocorrer de forma processual e gradativa e não como em um passe de mágica, da noite para o dia.
Os professores podem intervir no aprendizado do educando no que se refere às condições em que se produz a aprendizagem, atuando nos processos mentais do educando. Em contra partida, para os aprendizes é importante adquirir controle sobre seus próprios mecanismos de aprendizagem.
Quem aprende é o educando, o que o professor pode fazer é facilitar mais ou menos sua aprendizagem, criando condições favoráveis para que se ponham em marcha os processos de aprendizagem adequados.
Logo educandos e professores conseguem melhorar as situações de aprendizagem fazendo com que os resultados, processos e condições favoráveis a aprendizagem se ajustem entre si.
Não quero negar a existência das dificuldades de aprendizagem, somente pretendo alertar para o fato de que tais dificuldades também fazem parte do processo de aprendizagem e que precisam ser encaradas de forma processual e não como uma doença que precisa ser curada ou aceita de forma passiva.
Deixo-vos a palavras de Pablo Neruda, em “Não me perguntem”:
Tenho o coração pesado
de tantas coisas que conheço,
é como se carregasse pedras
desmesuradas num saco,
ou a chuva tivesse caído,
sem descanso, em minha memória.
(...)                                              
Assim, pois, do que me lembro
do que tenho memória,
do que sei, e do que soube,
do que perdi no caminho
entre tantas perdidas,
dos mortos que não me ouviram
e que talvez quisessem me ver,
melhor que não me perguntem nada:
toquem aqui, sobre  o casaco,
e verão como me palpita
um saco de pedras obscuras.
Sempre devemos lembrar que aprender e ensinar muitas vezes são  processos “doloridos”, quem nunca ouviu alguém dizer que “estudar doe”!
Barbara Magalhães.

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